Um dia eu ouvi de um profissional da área da saúde mental,que diagnósticos não são tão importantes e que a vida não pode girar em torno disso, o assunto no caso não era o meu diagnóstico e sim do meu filho.
Eu ando avidamente querendo ter um diagnóstico,porque eu acho inimaginável que eu esteja dentro de algum normal,eu não me sinto bem dentro da minha própria pele desde pequena.
Apesar que eu sempre bato nessa tecla,uma criança gorda na década de 80 não tinha paz alguma,até porque era uma minoria,por exemplo não conheci ninguém que pesasse mais que eu,tinha algum tipo de farol na minha cara.
Algumas pessoas têm sorte,dizem que pessoas assim nascem com a bunda virada pra lua,o meu grande popo é virado pro sol do meio dia.
Tentava me defender de todas as maneiras possíveis,lembro muito que ficava sozinha,tipo a excluída,porém sempre tinha uma risadinha uma piadinha,afinal alguém sempre precisava rir,eu era a coadjuvante dessa merda.
Nada na escola era atrativo para mim, aprendia rápido demais algumas coisas,outras provavelmente nunca vou entender,interpretação de texto por exemplo era na base do chutômetro,escrever a matéria no caderno foi uma das maiores torturas que eu fiz na vida.
No pré e na primeira série experimentei violências que vinham de professores,já se perguntou porque alguns adultos parecem não gostar de uma criança de forma específica,parece que incomodei alguns pela minha vida afora,queria dizer que era afrontosa só que infelizmente eu só era esquisita mesmo e não me encaixava em um padrão estético e muito menos acadêmico,já que aparentemente desligar durante a aula fazia parte do meu charme pessoal.
Quando vejo adultos cobrando coisas de crianças e até mesmo de adolescentes,tenho vontade de bater no adulto,não ia resolver nada,sim violência não resolve nada ou eu devo ser a pessoa mais burra do planeta terra,sempre senti que quando um adulto bate em uma criança está ali despejando toda a frustração dele em outra pessoa,talvez o meu argumento seja fraco,mas é muito fácil você impor,qualquer coisa que seja a um dependente seu.
Ele pode dizer o que pensa sem sofrer as consequências?
E eu tenho lugar de fala,estou criando sozinha um adolescente autista,que questiona até porque precisa tomar banho,todos os dias.
Às vezes eu queria debochar,fazer piada,mandar tomar no cú,pegar um chinelo e dizer vai que estou mandando seu filho da puta.
Mas eu não faço isso,eu respiro e no máximo deixo ele pensando no bem que um bom banho pode prover.
É o meu papel, fazer uma trilha explicando os costumes das pessoas do planeta terra.
O que complica que tem muita coisa que eu também não entendo e outras levo anos para compreender, dentro do meu grau de ansiedade e até mesmo depressão,eu também me forço a tomar banho todo dia.
Eu não sinto tristeza, eu não sinto nada,sou incapaz de sonhar e mesmo criar expectativas sobre qualquer coisa que seja,minha imaginação sempre teve um déficit nesse ponto.
Eu só sei que cheguei em um ponto crucial,sou incapaz de seguir adiante criando alguma persona para que as pessoas não fiquem constrangidas, pelo que eu sou qualquer que seja o meu CID.
E eu quero saber qual ele é.
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