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Olá eu sou gorda.

As vezes,tenho receio que todo o ódio que senti por mim,um dia aquela escuridão toda me tomaria por completo e deixaria de existir de verdade.

 Tenho 40 anos ,peso em média 156 quilos,e tenho 1.70 de altura.

Sou mãe de um adolescente lindo de 13 anos ,que foi diagnosticado com espectro de autismo ,vê  mundo de uma forma simples maioria dos dias queria ser ele.

Eu nasci na década de 80 e até os 9 anos,morei em Dourados,mas eu e minha família retornamos a minha cidade Natal e moro aqui até hoje,aqui é quente e pra onde você pensar em ir tem subida.

Quando eu era criança gordos não existiam como hoje,era raro engraçado como todo mundo parece fora do peso hoje em dia.

Eu sempre era a maior pessoa do lugar depois dos 10 anos ultrapassei o peso dos meus pais.

Eu nunca consegui expressar direito a minha compulsão alimentar,mas eu simplesmente levava tudo a boca.

Desde muito nova tem um vazio no peito ,um incomodo profundo uma necessidade muito forte.

Um desejo, chegava a sonhar com doces e frutas gigantes,não tínhamos muito dinheiro,sempre foi uma alimentação simples,tinha um bolo de sorvete naquela época que só faltava comer a foto de tanto que quis comer ele.

Acho que comecei as dietas com 10 anos,era sempre tudo muito difícil,até hoje é difícil mastigar eu realmente não tenho paciência.

Comer devagar prestar atenção no que come.

Sei que na maioria das vezes ficava passando mal.

Os adultos a minha volta viviam desesperados,sabiam que tinha algo de errado comigo, tentaram me ajudar de várias formas no que podiam,mas sinceramente eu só conseguia me sentir pior.

As dietas me faziam sofrer muito,eu só pensava em comida e comecei a sentir coisas ruins na minha cabeça, vieram pânico depressão minha auto estima nunca foi boa.

Não conseguia ir em nenhum lugar ande meu peso ,não acabasse se tornando um assunto.



A escola parecia um inferno sem fim,queria tanto que acabasse ,na escola tá cheio de gente também sem auto estima e cheia de problemas,mas sempre acham alguém aonde descontar,eu por não gostar nada de mim era um alvo.

Ouvi tanta coisa,que nunca ia namorar porque além de gorda tinha um gênio difícil,eu só levei pancadas na cabeça e deveria continuar abaixando a cabeça pra levas os tapas.

Desde muito nova sair de casa e voltar era exaustivo,sempre chamei muita atenção.

Eu era sim extremamente gulosa era uma criancinha pidoncha de olhos redondos ,dizendo me de me de comida.

Eu precisava tapar algo que me incomodava.

Quando se é gordo ,você vive num ciclo vicioso,falam do teu peso você se chateia aí a fome vem com toda força do seu poder calmante.

Mas tudo complicou muito quando engravidei e até hoje ninguém entende direito o que aconteceu comigo,mas a verdade é só uma, não queria que meu filho sentisse vergonha de ter uma mãe gorda.

Eu amei meu filho,no momento que li positivo naquele exame,mas eu nunca me senti merecedora de coisas boas porque afinal eu era uma gorda.

 Eu passei a gravidez toda aterrorizada com medo de morrer e medo de viver,cheguei a imaginar cenas aonde a criança que carregaria meu sangue poderia passar pelas humilhações públicas que já passei.

Passei por muita coisa de forma repetida e continua,dizem que signos de água são rancorosos ,não sei se tenho rancor, mas tenho uma memória ótima para lembrar de humilhações,eu faço muito esforço para esquecer.

Eu sempre fui saudável,forte disposta inteligente,mas essa mesma inteligência me deu percepção demais,e eu quase não aguentei as coisas que via nas entrelinhas da minha vida.

Acabei me tornando uma pessoa espinhosa,me vesti de cacto com minha feição fechada.

Dos 30 anos aos 33 comecei a caminhar na minha auto aceitação mas uma depressão forte antecedeu essa virada.

Tive todas as fases já me vesti feito uma senhorinha escondendo todo meu corpo,como se fosse possível conseguir se esconder por debaixo de roupas,lembro que fui usar uma blusa de alças finas já tinha quase 14 anos,tinha ganhado uma roupa que me servia ,oba......ela era amarela.

Se você achar que é gorda e estiver lendo isso,não use camisetas pra tentar esconder nada,porque não funciona.

Engraçado como as coisas não batem na vida real,faltava um pedaço meu antes, eu procurava reconhecimento e aceitação como não conseguia ,ia atrás de perder peso como uma louca ,porque dentro da minha cabeça aquilo me traria paz interna.

Se algum dia alguém me amou,eu sinceramente não consegui ver.

Isso é muito triste.

Isso não era coisas fabricadas na minha cabeça,estão na sociedade pra que todos vejam,gordos não casam gordos não são felizes afinal gordos só peidam .....

Gordos vão morrer.
Afinal só nos gordos morremos.

Eu não emagreci,depois de muito análise que psicólogos encontrei respostas amargas,problema afinal não era o peso,ele é consequência provavelmente de uma genética e uma necessidade de proteção que trago em mim.

Todos os horrores da minha vida passada,o menino que gritava para não ser meu par na festa junina,o coro de meninos gritando gorda,o adolescente problemático ,achando que mexendo comigo iria se sentir melhor,tudo isso tem  construído o que sou hoje em dia.

Eu ainda não fiz as pazes com a comida,não sinto mais prazer nenhum em comer,ainda passo mal,acho que toda dor mental e ansiedade acabaram se tornando reais na fibromialgia,eu sofro dores diárias nesse corpo que um dia odiei tanto a forma.

Mas continuo me sentindo forte e disposta só um pouco cansada pela própria doença,todo dia é uma luta,e por mais que médicos dizem que é o peso este está aqui a tanto tempo e tanto faz pra mim,não conheço outra realidade talvez meu psicólogo tenha razão,talvez o medo agora seja emagrecer porque não conheço esse mundo,de caber em cadeiras.

Eu sei que sempre fui uma gorda saudável ,meus exames diziam isso e todo o resto do meu corpo também,mas minha mente adoeceu meu corpo ,porque não acreditei em mim e ouvi os demais.

Eu sempre pude fazer o que todos faziam,só tinha um capote diferente mais cheinho.

Eu não ando nós meus melhores dias mas eu enfrentei tantos demônios que o inferno deve estar vazio agora.

Meu filho me ama como eu sou.
Assim como amo ele como ele é.
 Somos felizes a nossa maneira e só isso que importa e tudo que passei valeu a pena .
E sou grata pelo aprendizado mesmo que tenha doído e as vezes sentido vontade de cortar alguns pedaços vitais meus fora,me forçaram a me odiar mas não conseguiram.

Eu amo cada pedaço meu,mesmo meus defeitos e o fato de ser uma pessoa honesta depois dessa caminhada.

Porque eu como cada pessoa do universo merece o amor.




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