Desconstruindo....

Porque travei uma guerra,

Ergui muros,

Criei mundos,

Sou segura aqui.

Acho que passei metade ou mais da minha vida adulta que considero os últimos 10 anos me desconstruindo, nossa não cheguei nem na metade desse longo caminho tem dias que queria uma cegueira para deixar de ver as pessoas de forma tão superficial como eu vejo, sorte que tenho ferramentas que mostram meus erros bem na hora que os estou processando, mas não tem sido nada fácil para mim o que já foi verdade hoje é só uma nevoa que fica flutuando por cima como um disfarce.

Eu sei que esse pico superficial é mais forte na adolescência sei que crianças podem ser más, adolescentes são piores eles excluem você quando você não cabe muito dentro da “forminha” aquilo que chamam de normal, aquilo que mata uma parte de nós que adoecemos em busca de normalidade, eles são o que a mídia usa,  porque todo mundo está perdido nessa época da vida não sabe muito o que esperar e de alguma forma estamos totalmente aberto as manipulações não são só os adolescentes ,não somos todos nós que queremos ser bonitos como diz meu filho  de 8 anos que agora vive cortando a parte frontal do cabelo que imagino seja a obra de algum imbecil dizendo a ele que cabelo curto é mais bonito.

Eu sei que isso é a prisão de todos nós, magros gordos altos e baixos e até os normais que mesmo assim cobram uma aparência diferente ou melhorar a própria, vejo isso de perto quando ser magro para um homem não é o bastante ou invés de querer perder 5 quilos igual as mulheres eles querem ganhar 5 de massa magra se chegarem ao objetivo mesmo assim não vai ser o bastante.

As coisas são assim desde muito tempo, antes tinha a realeza em alguns países ainda tem a realeza tem uma coitada uma princesa que é medida o tempo todo, o que faz o que veste se engordou ou emagrece é uma boneca de tortura dos tabloides, antes dela esteve em seu lugar uma outra boneca princesa que adoeceu e acabou morrendo de forma misteriosa talvez ela ia jogar a toalha engordar uns quilos vai saber sei que não está mais entre nós, no Brasil são atores cantoras ditando moda antes todo mundo queria ser magro e ter peito enormes parece que agora o look natural tomou conta não vejo mais tanto cabelo lisinho como antes pelo menos, talvez aquela cintura da mulher sertaneja meio country seja o que todo mundo quer no momento, não tenho mais conexão com essas merdas.

Eu não sei como aconteceu, mas um dia na minha vida que deixei de me odiar, talvez o amor do outro me mostrou isso eu não sei, mas sei que é uma realidade eu amo o que eu sou mesmo que tenha que lidar com médicos e juntas cansadas, videntes de rua contando o dia da minha morte, pessoas que não me conhecem me julgando é um pesadelo a parte.

Não lembro de nenhuma vez alguém ter me dito vai e enfrenta todo mundo mostra do que você é capaz, alguém sempre me dizia que eu tinha que emagrecer ou aguentar porque as coisas são assim mesmo aonde eu serviria gorda e impertinente, uma parte minha gritava que era errado se tratar assim até porque que um gordo não faz mal a ninguém se pensar bem.

 Mesmo que o mundo me dissesse você não pode, eu fazia e não fiz mais porque não tinha da onde tirar forças, hoje tenho medo de adoecer e acabar morrendo jovem porque não tinha um dia que não quisesse morrer pelo o que eu era e representava para as pessoas ao meu redor.

Eu não tenho hoje que só me desfazer do ódio que um dia depositei no meu corpo nas minhas curvas e estrias também tenho a tristeza de nunca ter sido acolhida no mundo em que nasci.

De nenhuma forma esse desabafo pode ser encarado como apologia a obesidade, até porque eu mesma sou extremamente contra o sedentarismo porque corpo não foi feito para ficar parado, mas até nesse momento encontramos problemas não sei quem cria essas coisas um gordo suando em uma academia não é concebível é motivo de piada e etc.

Poderia, entender sem explicar que por mais que as pesquisem e tentem estamos vivos e temos capacidade de fazer muitas coisas por vezes extraordinárias como sorrir mesmo recebendo tiro de todos os lados.

É muito difícil enfrentar a sociedade midiática, porque ela está o tempo todo fazendo lavagem cerebral nas pessoas, quanto mais forte ficam os movimentos de aceitação própria, mais forte ainda fica o ódio e ele não é invisível vemos o tempo todo por aí numa entrevista de uma atriz, ou em algum vídeo que a pessoa perde todo o senso e diz a verdade que todo mundo pensa, que só é verdade nas mentes não trabalhadas por ai em pessoas que engolem o vomito dos outros.

Eu acho que isso tudo é porque dor custa caro, certas pessoas passam a vida pagando caro por seus desejos e o único crime que cometeram foram não se aceitar como são.

Agora você pode imitar quem você quiser na vida, mas deixe quem quiser trilhar o seu próprio caminho, sinto muito pela minha vida acho que poderia estar muito além do que estou hoje se não tivesse perdido tanto tempo planejando executando e falhando em dietas e ficando sem forças por isso eu fui muito fundo e carrego marcas que acho que não vão sarar.

Eu demorei para saber o que queria da vida, hoje em dia fico puta que as coisas não melhoraram muito com as meninas, que acabam sendo punidas pelo peso as vezes dentro de casa, ser gordo é cometer um crime ao próprio corpo, mas ser uma mulher gorda é ataque direto ao Patriarcado, mesmo quando nosso corpo funciona bem,não importa tem gente que compra esse bilhete e passa a vida sendo submissa por não atender as expectativas alheias.

Essa submissão feminina é outra coisa que faço força para entender, mesmo atrizes ou mulheres poderosas levam a forma do corpo em consideração, traduzindo a imagem delas alimenta isso tudo.

Afinal ninguém nunca vai lutar por uma vida mais justa.

Nem adianta tentar me vender que só magros são felizes nesse mundo que empurra estereótipos ninguém está feliz.